São Paulo, uma das 50 cidades mais caras do mundo para se viver, não costuma atrair tantos turistas quanto o Rio de Janeiro.
E, para mim, São Paulo sempre foi sinônimo de trabalho: já se vão quase 18 anos de idas e vindas a fóruns, tribunais… Mas a cidade oferece muitas oportunidades para quem quer conhecer um pouco de sua história, sua arquitetura e geografia. E diversas atrações são gratuitas.
Há bastante tempo fazia tentativas de “tirar” um dia para visitar o Theatro Municipal (eu só conhecia a sala de concertos) e ir ao mirante do edifício Altino Arantes (o famoso “prédio do Banespa”, que hoje é ocupado pelo banco Santander). Finalmente, consegui!
Comecei o passeio pelo Theatro Municipal, que oferece visitas guiadas de terça a sábado. O primeiro horário é às 11h e é preciso inscrever-se (chegue às 10h, quando abre a bilheteria, e garanta seu lugar no grupo).
O Theatro Municipal foi projetado pelo famoso arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, juntamente com Claudio Rossi e Domiziano Rossi (dois arquitetos italianos associados ao escritório de Ramos de Azevedo). Sua construção teve início em 1903 e a inauguração, perante uma multidão de 20 mil pessoas, ocorreu em 12 de setembro de 1911.
O projeto do Theatro tem clara influência da Opéra Garnier de Paris.
Durante seus mais de 100 anos de existência, o Theatro passou por importantes reformas. Em 1954 foram criados novos pavimentos, permitindo a ampliação dos camarins, e instalado o órgão G. Tamburini (que atualmente não tem sido utilizado por falta de afinação), com mais de 6.000 tubos.
parte aparente dos tubos do órgão. (O instrumento passou por uma restauração em 1999 e foi reinaugurado em dezembro do mesmo ano. Entretanto, segundo informações transmitidas durante a visita guiada, acredita-se que a última reforma, finalizada em 2011, tenha causado a desafinação do órgão que não é utilizado desde 2007.)
A segunda grande reforma, entre 1986 e 1991, serviu ao restauro do prédio e à modernização de equipamentos e estruturas.
A última reforma, finalizada para o centenário em 2011, cuidou da revitalização da fachada, restauro da ala nobre e de vitrais, e modernização do palco. Eu não havia voltado ao Theatro após a reinauguração em 12 de junho de 2011 e a primeira diferença que notei foi a cor das poltronas da sala de concerto: eram verdes e agora são vermelhas.
O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico desde 1981.
Pelo palco do Theatro Municipal de São Paulo já passaram artistas de talento inquestionável: Maria Callas, Enrico Caruso, Arturo Toscanini, bem como Duke Ellington e Ella Fitzgerald. E também foi grande sua importância durante a “Semana de 22” (Semana de Arte Moderna).
Hoje, o Theatro tem programação de primeira linha, com orquestra dirigida pelo maestro John Neschling. Informações sobre a temporada de concertos e óperas podem ser encontradas no site do Theatro Municipal.
A visita guiada não deve nada às visitas que já fiz a outros teatros na Europa. Senti falta apenas de conhecer a área atrás do palco (por exemplo, na Ópera de Viena e no Burgtheater, também em Viena, há explicações bastante interessantes sobre todo o mecanismo por trás do palco).
As principais áreas visitadas são o hall de entrada e a escadaria, a sala de concertos e o salão nobre. Confira a galeria de fotos:
A visita guiada ao Theatro Municipal também inclui a Praça das Artes, um complexo arquitetônico que serve de sede à Fundação Theatro Municipal e também abriga as escolas municipais de música e de dança.
O principal prédio do complexo é o do Conservatório Dramático e Musical, na Av. São João, inaugurado em 1896 como loja de pianos e transformado em um luxuoso hotel três anos mais tarde. É a sede do Conservatório desde 1909 e por ali passaram Mário de Andrade, João de Souza Lima, Camargo Guarnieri, Guiomar Novaes.
O andar térreo do prédio é uma sala de exposições e no primeiro andar fica a sala de concertos, voltada às séries de música de câmara e apresentações instrumentais.
Geralmente, as pessoas se esquecem dessa parte da visita… peça à guia para lhe acompanhar até à Praça das Artes.
Informações sobre a visita guiada ao Theatro Municipal e Praça das Artes
Local: Praça Ramos de Azevedo, São Paulo
Dias e horários:
Terça a sexta-feira às 11h, 15h e 17h
Sábado às 11h, 12h, 14h e 15h
Inscrições no local, a partir das 10h, por ordem de chegada, para todos os horários do dia.
Gratuito
Para mais informações, acesse o site do Theatro
No mesmo dia, aproveitei para enfim conhecer mais um dos mirantes da cidade. O Edifício Altino Arantes, mais conhecido como “Prédio do Banespa”.
Ao centro, o Edifício Altino Arantes, visto do Vale do Anhangabaú.
O Altino Arantes é o terceiro prédio mais alto da cidade e o quinto do Brasil. Foi construído a partir de 1939 e inaugurado em 1947 como sede do Banco do Estado de São Paulo (Banespa). Tem 35 andares, 161,22 metros de altura e se assemelha ao Empire State Building de Nova York. Recebeu o nome de “Altino Arantes” na década de 80, em homenagem ao primeiro presidente do Banco, Altino Arantes Marques. Após a privatização do Banespa em 2000, o prédio passou à propriedade do banco Santander.
Sempre há filas de visitantes. O mirante não é muito espaçoso e podem subir apenas 5 ou 6 pessoas por vez (e o tempo para apreciar a vista lá de cima não passa dos 5 minutos… mas, garanto que vale a pena).
Enquanto espera na fila, aproveite para reparar no lustre de 13 metros de altura instalado no hall do prédio. Já é, por si só, uma atração.
Já no mirante, perde-se de vista a selva de pedras em que São Paulo se transformou.
Tombado pelo Patrimônio Histórico em 2011, o Edifício Altino Arantes é um dos cartões postais da cidade e as visitas ocorrem apenas durante dias úteis.
Edifício Altino Arantes:
Rua João Brícola, 24, São Paulo
Visitas: de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h (exceto feriados)
Gratuito
(Atualização: as visitas ao Edifício Altino Arantes estão suspensas e aparentemente, sem previsão de reabertura. Uma pena…)
Como chegar ao Theatro Municipal e ao Edifício Altino Arantes: em São Paulo, o trânsito é caótico e os estacionamentos são caros; então, vá de metrô (desça na estação São Bento)
Para finalizar, deixo aqui um agradecimento à minha amiga Angela, ótima companhia nesse passeio !
Até a próxima, viajantes!
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